"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo". - Fernando Pessoa
"Os sonhos existem para tornarem-se realidade". - Walt Disney
"Os sonhos têm um preço. Há sonhos caros e baratos, mas todos os sonhos têm um preço". - Paulo Coelho
"Não se deixe levar pela distância entre seus sonhos e a realidade. Se você é capaz de sonhá-los, também pode realizá-los". - William Shakespeare
20 de dezembro de 1991. Nasce uma criança cheia de sonhos, mas que vivia sem saber se um dia se tornariam realidade ou não.
Essa criança enfrentou rios, viagens de balsa no norte do Brasil e as ondas da capital baiana. Passou pela floresta amazônica, subiu o pelourinho e desceu o Elevador Lacerda em direção ao Planalto Central. No Ocidente, enfrentou a neve e a solidão. No Oriente, o calor do deserto e a diversidade humana concentrada em um só lugar: no Monte Carmelo, em Israel. No Brasil concluiu um dos capítulos de sua vida. No pé das cordilheiras dos andes em Santiago, no Chile, iniciou um novo. Foram momentos percorridos e vividos por uma criança que sempre achou que o sonho estava fora de seu alcance. Mas nunca é tarde demais e essa criança percebeu que aquele sonho estava à sua frente, mais do que isso, estava em suas mãos. O que faltava era a coragem, a ousadia de acreditar em seus instintos e a convicção de que sim, todos aqueles sonhos podem se tornar realidade.
O sonho: levar tudo que vi e todos que conheci ao alcance daqueles que não podem enxergar de perto. O sonho de mostrar a realidade do mundo por meio da imagem. O sonho de contribuir para a melhoria do mundo com as fotos registradas no decorrer deste caminho infinito que é a vida.
Susan Sontag, escritora e crítica de arte em seu livro "Sobre fotografia" escreve que: "Colecionar fotos é colecionar o mundo”.
Sem saber, o sonho daquela criança estava se tornando realidade. Ela colecionava tudo que passava pela frente. Colecionava a simplicidade de um local e o luxo de uma cultura. Colecionava olhares profundos. Olhos azuis e castanhos. Cabelos crespos e lisos. Colecionou o negro e o branco. A mulher e o homem. Colecionou crianças, jovens, adultos e idosos. Passou por lugares que o permitiram colecionar a essência de diversas religiões. Colecionou um pouco do Oriente e do Ocidente, do Sul e do Norte, de alegrias e tristezas.
Com estas coleções aquela criança, hoje adulta percebeu que nós vivemos em mundo rico, rico em diversidade. Com isso aprendi que:
De longe achamos tudo muito bonito e instigante. Mas quando nos aproximamos é diferente, estranho e, às vezes, perigoso. De longe sentimos pena, de perto sentimos medo. De longe somos curiosos, de perto queremos distância.
Isso tudo porque, infelizmente, muitas vezes nós temos medo de sair da nossa zona de conforto. Perdemos, assim, a oportunidade de conhecer novas pessoas, culturas e realidades. Deixamos escapar a chance de ouvir histórias de pessoas que realmente podem mudar o mundo. Deixamos de conhecer indivíduos que parecem muito diferentes de nós, mas que no fundo têm o mesmo propósito de vida. Na tentativa de quebrar barreiras, por receio, acabamos construindo outras ainda mais fortes.
Neste caminho em direção ao sonho, não quero que os retratos registrados sejam somente bonitos, impactantes ou diferentes do que vemos no nosso dia-a-dia. Eu peço que, ao se deparar com cada retrato, com cada detalhe, com cada olhar, com cada cultura e com cada alma deste trajeto, seja feita uma reflexão. Tente observar profundamente cada registro e admire de forma genuína o que uma foto pode te oferecer.
Quero que você esteja despreocupado, que deixe de lado possíveis preconceitos e que aprecie as imagens de maneira que os detalhes possam transparecer. Busque enxergar a realidade interior de cada ser humano, aquela essência que é divina, sua alma que é incolor e tantos outros aspectos que nossos olhos materiais e limitados têm dificuldades de contemplar. Encontre afinidade em cada olhar e compaixão em cada expressão.
Neste mundo não estamos sozinhos. Para chegar à um sonho precisamos de muito mais do que força de vontade.
Neste caminho, em que muitas vezes pensei que estava escuro, tive várias luzes para me guiar; luzes que jamais se apagaram e luzes que me revelaram a direção. Eu sou grato pela iluminação de Deus, dos meus pais que me agraciaram com uma educação espiritual e material excepcional, do meu irmão que mesmo ausente, se faz presente. Sou grato aos meus amigos, que me viram crescer e acreditaram em mim. Agradeço aos poucos que estão presentes fisicamente e aos tantos outros amigos especiais que estão longe vivendo os seus próprios sonhos. Quero agradecer aos meus colegas de sala e aos professores que me ensinaram a dar voz aos que não podem falar. Esses verdadeiros mestres me ensinam a contar histórias de pessoas que o mundo nunca conheceu, me ensinam a escrever e falar o que o mundo precisa ler e ouvir e me ensinam a ser um futuro formador de opinião.
Mas a verdade é que tenho que agradecer especialmente a cada ser humano com quem já cruzei o caminho, mesmo que por milésimos de segundos. Muitos não conheci, não vou conhecer e nem mesmo vê-los novamente. Mas tenho consciência de que graças a cada um destes indivíduos e graças à diversidade humana, o sonho daquela criança começou a se tornar realidade.
Não importa se uma menina é da Tailândia ou dos Estados Unidos, se o jovem veio da China ou do Brasil. Não importa se quem está ao seu lado ou a sua frente veio do Norte ou do Sul. Se uma pessoa é da África ou Europa. O que importa é que compartilhamos um só mundo, um mesmo lar.
Bahá’u’lláh, fundador da Fé Bahá'i disse: “A terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos”.
Roland Barthes, escritor francês em "A Câmara Clara" disse:
"Eis-me assim, eu próprio, como medida do saber fotográfico. O que meu corpo sabe da Fotografia? Observei que uma foto pode ser objeto de três práticas (ou de três emoções, ou de três intenções): fazer, suportar, olhar. O operator é o fotógrafo. O spectator somos todos nós, que compulsamos, nos jornais, nos livros, nos álbuns, nos arquivos, coleções de fotos. E aquele ou aquela que é fotografado é o alvo, o referente, espécie do pequeno simulacro."
Hoje, o alvo, o referente, espécie do pequeno simulacro, é apenas uma parcela da diversidade que representa a família humana. Hoje, o alvo, o referente, espécie do pequeno simulacro, é o conjunto de retratos que faz com que o impossível se torne possível. É a existência da "Fisionomia do Mundo", uma coleção de retratos que valoriza as diferentes feições do mundo. Um mundo heterogêneo do qual eu e você temos o privilégio de fazer parte.